A Economia Solidária na América Latina: realidades nacionais e políticas públicas.

A Economia Solidária na América Latina: realidades nacionais e políticas públicas.

Apresentação

Este livro é fruto de um seminário organizado por três instituições: o Núcleo de Solidariedade  Técnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (SOLTEC/UFRJ), a Rede de Investigadores Latinoamericanos de Economia Social e Solidária (RILESS) e a Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (SENAES/MTE).
O Seminário “Economia Solidária na América Latina: Realidades Nacionais e Políticas
Públicas” ocorreu entre os dias 26 e 28 de outubro de 2011 na cidade do Rio de Janeiro, no Centro de Tecnologia da UFRJ, e teve como principal objetivo traçar um painel das políticas públicas de economia solidária na América Latina.
Organizamos as mesas de tal forma que pudéssemos escutar representantes de governos de distintos países e debater suas políticas com a sociedade civil, incluindo representantes do movimento de economia solidária e das universidades que vêm discutindo esse tema no âmbito acadêmico.
Mapeamos os países nos quais existiam políticas públicas de economia solidária e buscamos trazer um representante oficial do governo de cada um deles, o que nem sempre foi possível. Nestes casos, atores da sociedade civil ficaram responsáveis por traçar um painel das políticas públicas de seus respectivos países. Convidamos também pesquisadores que pudessem comentar as exposições realizadas, a fim de estimular o debate com o público.
Pelas dificuldades de agenda, não pudemos contar com representantes da Venezuela e de Cuba. Como entendemos que seria uma grande perda não dialogarmos com as experiências de economia solidária em países orientados pelo socialismo, optamos por encomendar artigos de pesquisadores sobre esses países. Dario Azzelini, professor da Universidade de Johannes Kepler, escreveu sobre o caso venezuelano e sobre Cuba, Camila Harnecker, professora da Universidade de Havana. Essa opção faz com que tenhamos textos com características distintas ao longo do livro, sendo alguns deles frutos da transcrição de falas e outros de artigos posteriormente elaborados, o que também ocorreu com palestrantes que balizaram suas apresentações em textos feitos previamente.
Pensamos o seminário em formato de livro. Por isso, houve uma conferência de
abertura, que acreditamos ser um tema introdutório importante, realizada pelo professor José Luis Coraggio, da Universidade Nacional de General Sarmiento, localizada na Argentina. Para discutirmos o campo da economia solidária, era imprescindível discutir o conceito de economia e sua indissociabilidade com a política. Luiz Inácio Gaiger, professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, ao final do seminário, fez uma síntese com o intuito de conectar as distintas apresentações, situando-as na discussão do projeto de sociedade pelo qual lutamos.
Procuramos compor as mesas de debate de tal maneira que as falas tivessem conexões e para isso, as bases territoriais, refletindo similaridades culturais, foram as nossas escolhas.
Dedicamos uma mesa para tratar do Brasil, sobretudo por estarmos naquele momento celebrando os oito anos da Secretaria Nacional de Economia Solidária e por
termos finalizado então um documento de síntese de avaliação dos oito anos da secretaria.
Estiveram presentes o secretário nacional de economia solidária, Paul Singer, um
de seus diretores, Valmor Schiochet, e como debatedor, o professor da Universidade
Federal da Bahia, Genauto Carvalho de França Filho.
Já no segundo dia de seminário, foi realizada uma mesa com representantes de países marcados pela forte presença de população originária, sendo todos eles cruzados pela Cordilheira dos Andes: Equador, representado por Patrício Andrade Ruiz, do Ministério de Inclusão Econômica e Social; Peru, representado por Humberto Ortiz, Secretário Executivo da Comissão Episcopal de Ação Social e Bolívia, representada por Beatriz Delgado, Coordenadora Geral da ONG SEMBRAE. Nicolás Goméz Núñez, da Universidade Católica do Chile, foi responsável por tentar conectar as distintas falas.
Por fim, tivemos representantes do Cone Sul com a missão de nos relatar as experiências de Uruguai e Argentina. Para apresentar a política do governo argentino, contamos com a presença de Alberto Gandulfo, Coordenador Geral da Comissão Nacional de Microcrédito do Ministério de Desenvolvimento Social. Do Uruguai, participou Juan José Sarachu Oneto, presidente do Instituto Nacional do Cooperativismo. O debatedor da mesa foi Andrés Ruggeri, professor da Universidade de Buenos Aires.
Buscamos com essa dinâmica elaborar um painel do que se produz, ou ao menos do discurso sobre o que se produz, de política pública de economia solidária na América Latina.
Sabemos das restrições de um evento com estes objetivos, sejam elas  orçamentárias, o que nos impediu de trazer mais países, sejam de aprofundamento do debate.
Esperamos que essa publicação possa contribuir com o diálogo entre os demais países da América Latina, de sorte a construirmos nossos próprios caminhos, ou mesmo como sugere o professor Ricardo Antunes, encontrarmos as vias abertas da América Latina.

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